Petra Veritatis on Nostr: MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES A VIA UNITIVA 17 DE OUTUBRO O ...

MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES

A VIA UNITIVA

17 DE OUTUBRO
O maná escondido

Darei ao vencedor maná escondido (Ap 2, 17).

I. Este maná é admirável. De duas maneiras pode entender-se: o da doçura interna que se dá aos santos nesta vida, ou da doçura eterna que se dará aos santos na vida futura. Uma e outra são tão excelentes que todo aquele que as sente diz: que é isto? As duas estão escondidas, porque em pequena quantidade e a poucos se dá o sentir algo dela. Mui acertadamente está simbolizada pelo maná a doçura da contemplação por causa de sua suavidade. Provai e vede como o Senhor é bom; ditoso o homem que a Ele se acolhe (SI 33, 9), isto é, que põe n'Ele toda sua esperança; porque a este se concede que goze a suavidade de Deus, da que por pouco que perceba, a alma se admira, até o ponto de dizer com razão: manhú?, que quer dizer: Que é isto? (Ex 16, 15).

Ninguém pode compreender a doçura interior, por muito incendido que esteja o seu desejo. Razão tinha o salmista quando disse: A minha alma desfalece ansiando o teu auxílio (SI 118, 81), e em outro lugar: A minha alma suspira, desfalece, desejando os átrios do Senhor (S1 83, 3); como se dissesse: "Eu sei que teus tabernáculos, isto é, as mansões de tua casa, são amáveis e desejáveis, porque eu, que ainda estou fora no átrio, sem haver entrado mesmo no templo, desejo tão ardente morar ali próximo; porém desfaleço desejando, ao não poder compreender o que há ali. Assim, pois, se não posso suportar a pouca doçura que dás no átrio, quem poderá abarcar a totalidade da que há no templo?".

II. Onde se encontra. Saia o povo e colha o que baste para cada dia (Ex 16, 4). Quem deseje essa suavidade, deve sair do mundo ao céu, da carne ao espírito, de si mesmo a Deus, e então encontrará o maná. Os montes destilarão vinho doce (Jl 3, 18). Existem três montes: a alma, o céu e Deus. Neles deve o homem recolher o maná contemplando cada um dos bens deles; e deve recolher cada dia, porque todos os dias deve dedicar-se à oração e meditação.

Deve recolher quanto seja suficiente. Alguns recolhem pouco, porque oram e meditam pouco. Outros recolhem muito. Por isso se diz nos Provérbios: Achaste mel, come só o suficiente (Pr 25, 16).

O lugar em que se encontra o maná é a solidão. Conduzi-la-ei à soledade e falar-lhe-ei ao coração (Os 2, 14). Porém não se encontra na cidade.

Ademais, o maná se encontrava pela manhã; freqüentemente pela manhã se dá a devoção na oração. De manhã me porei na tua presença, e te contemplarei (SI 5, 5). Os que vigiam desde manhã para me buscarem, achar-me-ão. (Pr 8, 17).

Dá-se assim mesmo aos que saíram do Egito, e a devoção aos saídos do pecado.

Alguns encontram doçura no Senhor unicamente na oração; outros, somente na leitura; outros unicamente na celebração da Santa Missa. Porém os perfeitos o encontram doce e suave em tudo, nos jejuns e disciplinas, na enfermidade e na pobreza, segundo o que diz o Eclesiástico: Entre todos busquei um lugar de repouso (Eclo 24, 11), ao modo da abelha, que extrai mel de quase todas as flores: Por isso diz destes o Senhor: Cercaram-me como abelhas; abrasaram-me como o fogo abrasa os espinheiro (SI 117, 12), porque quanto mais goza a alma de Deus, mais se inflama em seu amor.

- In Apoc., II