Da-roça / Da-roça is on Nostr

Only a farmer, taking goods from the soil, feeding the world

Last Notes

2023-12-18 00:27:59

https://youtu.be/iXr9Emd9BvY?si=-9oZjxuN9d0C_J6O

2023-12-18 00:27:59

https://youtu.be/iXr9Emd9BvY?si=-9oZjxuN9d0C_J6O

2023-11-29 13:11:02

O poder da Renúncia
Em qualquer história de heróis versus vilões, vendo o vilão cometer todo o tipo de crueldades, com a ajuda de seus fiéis serviçais, sempre me pergunto: Porquê o capanga faz todas as vontades do vilão? Por que abdica da sua própria identidade e, muita vezes, entrega a própria vida pela ambição de seu Mestre?
Os motivos do Vilão geralmente são claros e diretos, ele é guiado pela raiva, inveja e ressentimento. Busca o poder ilimitado, a dominação da raça humana, riqueza infinita e a felicidade eterna, custe o que custar. Mas e o Capanga? Qual a sua Motivação? O que o leva a tomar atitudes até mais cruéis do que aquelas que seu chefe seria capaz?
Algumas histórias os mostram como seres ignorantes, serviçais acéfalos, ou cidadãos incautos que foram ludibriados e fazem tudo por seu Senhor. Outras os caracterizam como seres ambiciosos, ávidos pelas migalhas das vitórias do Líder Supremo. Há também os que são motivados pelo medo, sua família ou o amor de sua vida está preso em algum calabouço escuro e frio.
A dúvida aumenta à medida que crescemos e descobrimos que os vilões existem de verdade. Pior! Milhares senão milhões de pessoas se sujeitam à sua vontade e cometem atrocidades em nome de Deus, do Grande Líder, do Bem Maior, ou de qualquer outra bandeira falsa que julguem defender. E sua crueldade supera em muito aquela descrita nas obras de ficção, como os atos terroristas perpetrados pelo Hamas no último 7 de outubro.
Certo, os vilões são persuasivos e carismáticos fazendo com que os capangas sintam a necessidade de seguir suas ordens para manter seus empregos, sua segurança, honra, etc. Mas isso explica a motivação de quem jogou tantos Judeus à morte durante o Holocausto? Explica por que os operadores dos tanques chineses não pararam seus blindados na Praça da Paz Celestial? É motivo para soldados pegarem em armas, lutando por políticos corruptos, em guerras sem sentido?
É chocante perceber o que o homem é capaz de fazer por seu líder e difícil imaginar o que se passa na cabeça destes atores. Muitos deles se esquivam dizem estar apenas cumprindo ordens, que este era seu dever patriótico, “a nação corria perigo” ou “É a vontade de Deus”. Qual a régua moral que leva pessoas a torturar e matar afim de agradar seu comandante?
Em 1961, Stanley Miligram, conduziu uma experiência buscando compreender como pessoas aparentemente saudáveis, puderam cometer crimes tão bárbaros durante o auge do regime nazista. O experimento, retratado no filme O Experimento de Miligram de 2015, consistia em pedir às pessoas que dessem choques cada vez mais fortes em outros participantes caso estes errassem as perguntas, com voltagens entre 15 e 450 volts, as partes ficavam em salas separadas, sem visão um do outro, mas o participante com o papel de “carrasco” podia ouvir os gritos de sua “vítima” que, na verdade, era um ator pago para dar gritos convincentes de dor e agonia.
Como resultado, apesar de muitos se recusarem a seguir com o experimento, 65% das pessoas estudadas seguiram as regras e continuaram infligindo sofrimento aos outros “voluntários”. O que levou à conclusão de que a maioria das pessoas tende a obedecer ordens mesmo que isso vá contra o seu próprio bom senso. Muitos se diziam satisfeitos em poder ajudar a Ciência, parecido com os dias atuais não? Apesar da controvérsia em relação ao dados obtidos o teste já foi repetido outras vezes, em varias partes do mundo, sempre com resultados parecidos.
Em seu “Discurso Sobre a Servidão Voluntária” de 1549, Étienne de La Boétie, humanista e filósofo francês, discorre com indignação sobre essa propensão do ser humano de servir à tirania por mero costume, trocando sua liberdade por conveniências mundanas de valor duvidoso.
La Boétie, era amigo de Michel de Montaigne, o qual, mais tarde, destacou seus méritos nos Ensaios e em várias cartas, apontando aquele autor como um importante homem daquele século.
No livro, o autor trata sobre a Tirania de um ponto de vista diferente, evitando falar da crueldade típica dos tiranos para focar na aceitação complacente com que os seres humanos aos milhares, muitas vezes milhões, se curvam perante estes. Segundo La Boétie, isso só acontece mediante uma espécie de servidão voluntária. Ele afirma que são os próprios homens que se fazem dominar, pois, caso quisessem sua liberdade de volta, precisariam apenas se rebelar para consegui-la. Cito:
“Mas o que acontece afinal em todos os países, como todos os homens, todos os dias?
Quem, só de ouvir contar, sem o ter visto, acreditaria que um único homem tenha logrado esmagar mill cidades, privando-as da liberdade?
Se casos tais acontecessem apenas em países remotos e outros no-los contassem, quem não diria que era tudo invenção e impostura?
Ora o mais espantoso é sabermos que nem sequer é preciso combater esse tirano, não é preciso defendermos-nos dele.
Ele será destruído no dia em que o país se recuse a servi-lo.
Não é necessário tirar-lhe nada, basta que ninguém lhe dê coisa alguma.
Não é preciso que o país faça coisa alguma em favor de si próprio, basta que não se faça nada contra si próprio.
São, pois, os povos que se deixam oprimir, que tudo fazem para serem esmagados, pois deixariam de ser no dia em que deixassem de servir.
É o povo que se escraviza, que se decapita, que podendo escolher entre ser livre e ser escravo, se decide pela falta de liberdade e prefere o jugo, é ele que aceita o seu mal, que o procura por todos os meios.”
Um dos motivos elencados por ele para esta “Servidão Voluntária” é o Hábito, usando o cavalo como exemplo, ele diz que este animal, livre por natureza, ao ser domesticado, no começo morde os freios e rejeita a sela mas, por fim, acaba por aceitá-los, brincar com eles e usá-los como adornos. É como se com o passar das gerações o ser humano vá se esquecendo de seus valores primordiais e aceite o jugo Tirânico de bom grado, por não conhecer e/ou ter medo de trilhar outros caminhos.
Para evitar perseguições, La Boétie foi cuidadoso, usando apenas exemplos de tiranos dos passado, como os notórios imperadores romanos e é assustador perceber as semelhanças daqueles tempos com os dias de hoje. É quase como se a sociedade não houvesse evoluído nada em séculos de história.
No entanto há uma diferença crucial, naquela época o imperadores eram o próprio Estado por assim dizer, não apenas meros representantes, com poder muito mais absoluto e cruel onde a violência física e a escravidão eram a norma. Hoje a violência estatal, apesar de presente, se disfarça de Bem Comum, Império das Leis, Respeito às Instituições e tantos outros dogmas repetidos com fé fervorosa por seus amantes.
Ainda há figuras centralizadoras, que buscam a todo custo voltar àqueles tempos de poder absoluto se julgando arautos da justiça ou do bem-estar social. Mas, no fim das contas, tais atores são também servidores voluntários da tirania Estatal. Esta hoje não se apoia mais em uma pessoa, falível, efêmera, mortal. O Estado atual se baseia justamente em Instituições, criadas com o intuito de “dividir” e propagar o poder dado a elas. Mas estas acabaram se tornando Leviatãs imortais que se alimentam do serviço não só de seus súditos mas também daqueles que se julgam seus mestres.
Sim! Mesmo o Presidente da República ou o Excelentíssimo ministro da Suprema Corte, aquele, com nome e atitude de Imperador, são todos reféns do Estado. Pois, para chegar aos mais altos níveis de poder, o ser humano é obrigado a fazer todo o tipo de concessão, abdicar de sua personalidade, seu bom senso, precisa se anular, fazer acordos com inimigos, perdoar traições, destruir a própria reputação, literalmente vender a alma ao Leviatã.
Esse monstro nervoso, que se alimenta da vida das pessoas, é insaciável ele nunca deixa de cobrar sua cota, principalmente daqueles usam do seu poder. Exatamente como os Anéis do Poder faziam com seus portadores no Livro o Senhor dos anéis de JRR Tolkien.
Felizmente, assim como pregou La Boétie em seu livro, a maior força deste monstro é também sua fraqueza, os seres humanos que agem em seu nome e, voluntariamente, servem ao Estado como seus capangas, oprimindo e sendo oprimidos.
A partir do momento que estes percebem que seu Status, seu Cargo, a Ideologia ou Religião que defendem, são na verdade os grilhões que os prendem e resolvem renunciar a isto, tais instituições começam a ruir e mesmo aqueles entes mais poderosos, os verdadeiros sociopatas opressores, logo se verão fracos e indefesos pois não haverá ninguém a lhes servir.
Neste sentido, não importa qual papel desempenhamos na sociedade atual, devemos sempre nos guiar por princípios morais e éticos, como o básico Princípio da Não Agressão (PNA), visando respeitar, não a coletividade mas sim os indivíduos que a compõem. vigiando os outros e a nós mesmos no sentido de renunciar a quaisquer benesses, “direitos” ou poderes que nos levem a abandonar nossos valores e oprimir, mesmo que indiretamente, quem quer que seja.
Muitas vezes a renuncia é a única escolha verdadeiramente libertadora, a única forma de ter uma vida plena e livre de arrependimentos, livre do jugo opressor que advém do Poder Estatal, livre para trilhar o próprio caminho sem depender de favores de sociopatas assassinos.
Por fim, é sempre bom lembrar do juramento de John Galt, personagem do livro a Revolta de Atlas da Escritora Ayn Rand:
“Eu juro pela minha Vida e pelo meu amor por ela que nunca irei viver em função de outro homem, nem vou pedir a outro homem que viva em função de mim”
Que este juramento sirva de bússola moral para guiar a humanidade na construção de uma sociedade mais livre, fraterna e verdadeiramente feliz.

2023-11-08 18:34:54

Teste